"Antibienal", Feira da USP corta preço do livro pela metade
12/11 - 15:17 - Mauricio Stycer, repórter especial do iG
São apenas três dias por ano – o que significa dizer que, quando você terminar de ler este texto, metade do primeiro dia já terá se passado. Apresse-se, então. A Feira do Livro da USP oferece livros de 120 editoras por, no mínimo, metade do preço encontrado nas livrarias. E não é queima de estoque encalhado, mas lançamentos e livros de catálogo.
Este é o décimo ano em que o evento é realizado, no prédio da História, na USP. Criação de Plínio Martins Filho, diretor-presidente da Edusp, a editora da universidade, a Feira tem como público-alvo a população que gravita em torno da Cidade Universitária, estudantes e professores especialmente, mas é aberta a quem vier.
O número de editoras participantes tem aumentado a cada ano, embora o espaço permaneça o mesmo. Em conseqüência do aperto, em vários estandes cotovelos entram em choque na busca por ofertas. Os editores não pagam nada para expor, mas são obrigados a assinar um termo de compromisso de que venderão os livros com 50%, ou mais, de desconto em relação ao preço da livraria. "Se recebemos alguma reclamação de leitor, de que o desconto não é de 50%, no ano seguinte não convidamos a editora", explica Martins.
Não há números sobre o volume de negócios nos três dias da feira. Mas Martins estima que em 2007 foram vendidos cerca de 100 mil livros. Entre as editoras campeãs de venda, a CosacNaify destaca-se facilmente. O acesso ao seu estande exige paciência – e os leitores saem carregados de lá. "A Cosac vende em três dias muito mais do que nos 10 dias da Bienal", provoca Martins.
Promovida pela Câmara Brasileira do Livro, a Bienal cobra dos editores uma elevada taxa para montagem de estandes, não obriga os vendedores a oferecer qualquer tipo de desconto e anda cobra ingresso do público que a visita. "Nós somos uma espécie de antibienal. Aqui não se paga para expor nem para entrar", diz Martins.
Qual é o segredo que permite a grandes, médias e pequenas editoras venderem livros de catálogo por 50% do preço? A venda direta ao consumidor, sem intermediários. O preço oferecido na Feira da USP é próximo ao valor que os editores recebem das empresas distribuidoras, que colocam os livros nas livrarias.
Grandes editoras, como Companhia das Letras, Record e Objetiva nunca se interessaram em participar da Feira da USP, embora parte de seus catálogos se enquadre no requisito do evento: livros com perfil acadêmico ou destinado ao público universitário. Já outras boas e conhecidas editoras integram a feira: além da CosacNaify, Editora 34, Paz e Terra, Boitempo, Conrad, Aeroplano, Ateliê, Nova Fronteira, além de várias que se especializaram no segmento de publicação de textos acadêmicos, como Perspectiva, Anablume, Alameda e Musa. A lista completa das editoras participantes pode ser vista online.
Outro segmento importante da Feira da USP são as editoras universitárias, propriamente, Edusp à frente, mas também UFRJ, UNB, UERJ, Unicamp, Unesp, entre outras. Em março deste ano, Plínio Martins organizou a primeira feira de livros exclusivamente de editoras universitárias e editoras públicas, como Imprensa Oficial. O evento voltará a ser realizado no primeiro semestre de 2009.
Um problema da Feira do Livro da USP, mas não exclusivo dela, é o furto. Vários livreiros destacam seguranças para vigiar o público. "Já tivemos algumas encrencas por causa disso, com pessoas flagradas", conta Martins. O argumento de quem é pego roubando só poderia ser ouvido num ambiente universitário: "Eles alegam que é um roubo ideológico, já que a editora é rica", conta. Um aviso: o argumento não cola.
Serviço – Feira do Livro da USP
De 12 a 14 de novembro
Das 9h às 21h
FFLCH – Cidade Universitária
AV. Professor Lineu Preste, 338
Fonte: Notícias Portal iG
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